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Hoje na terapia

15 de abril de 2020

Hoje na terapia contei que ali era o único lugar onde estava podendo desabar. Lapsos de irritação, menores ainda lapsos de melancolia... Mas sentir dor, tristeza, vazio, solidão, o desmoronar de todos os sonhos que se construíam pré-pandemia. Sentir tudo isso, só naquele espaço, naquele tempo, naquela segurança. Me permitir sentir tudo aquilo sabendo que o acolhimento, o colo, a sustentação está ali... Hoje na terapia contei que estou imersa nos fazeres sem fim: atendimentos, violão, dança, cantos... até a escrita tem sido em forma de obrigação... talvez para não deixar aquele espaço-tempo do vazio, onde não posso cair, me encontrar, onde tenho medo de me perder e não encontrar a saída... Hoje na terapia perguntei se eu ultrapassava o limite de uma existência sadia por sonhar. Não aquele sonho de quem dorme. Sonhar acordada, sonhar com um pé na realidade e outro no desejo. Sonhar com o futuro que quero construir pra mim e que fora do tempo da pandemia era um sonho em ação, um sonho cada vez mais compartilhado... Hoje após a terapia entrei no banho e de lá saí o mais rápido que pude, porque eu precisava escrever, dessa vez não para driblar o vazio, mas para expressar minha mais recente conquista:

Hoje na terapia redescobri que posso sonhar!

Escrita dedicada à minha terapeuta e ao então recitado por ela, Mário Quintana:

DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

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